Rigidez Cognitiva no Autismo

Person wearing a cardboard box mask, sipping coffee at a minimalist setup.


Rigidez Cognitiva no Autismo: O Que é e Como Lidar com Ela

A rigidez cognitiva é uma característica comum entre muitas pessoas autistas, mas o que exatamente significa isso? Vamos entender um pouco mais sobre essa questão e como ela impacta a vida de quem está no espectro do autismo. A ideia é esclarecer os motivos por trás dessa rigidez e, quem sabe, ajudar a desenvolver estratégias para lidar melhor com ela.

O Que é Rigidez Cognitiva?

De forma simples, rigidez cognitiva é a dificuldade em mudar pensamentos, atividades ou rotinas. Imagine alguém com uma “estrutura mental” bem definida, que resiste a ser ajustada. Para pessoas neurotípicas, mudar de planos pode ser só uma questão de se reorganizar, mas para alguém no espectro do autismo, essa mudança pode ser intensa, chegando a causar estresse e ansiedade.

Essa rigidez não é preguiça ou teimosia. Ela é uma forma de se proteger e encontrar conforto. As pessoas autistas frequentemente têm uma sensibilidade maior a estímulos e mudanças, e uma rotina rígida pode ser um apoio para se sentirem seguras e com um sentido de controle sobre o ambiente.

Como a Rigidez Cognitiva se Manifesta no Autismo?

A rigidez cognitiva pode se apresentar de várias formas e em diferentes níveis de intensidade. Alguns exemplos comuns incluem:

  1. Preferência por Rotinas Estritas: A repetição de tarefas, horários e até mesmo do caminho para a escola ou trabalho pode ser um alívio. Alterar essa rotina pode ser muito desafiador para a pessoa autista.
  2. Foco Intenso em Interesses Específicos: Muitas pessoas autistas têm interesses específicos e intensos, chamados de “interesses restritos”. A rigidez cognitiva pode contribuir para que eles foquem nesses interesses de maneira muito profunda, o que é uma forma de manter uma base estável.
  3. Dificuldade em Lidar com a Ambiguidade: Quando as regras ou instruções não são claras, isso pode ser extremamente desconfortável para quem tem rigidez cognitiva. Situações ambíguas ou imprevisíveis podem gerar ansiedade, pois há uma dificuldade em “ajustar” o pensamento sem direções específicas.
  4. Insistência em Certas Formas de Comunicação: Algumas pessoas autistas podem preferir certas palavras ou frases que lhes soam mais confortáveis, evitando variações. Isso ajuda a criar uma comunicação mais previsível e fácil de controlar.

Por Que a Rigidez Cognitiva Acontece?

A rigidez cognitiva no autismo não é um “defeito” da pessoa; ela faz parte da forma como o cérebro autista processa o mundo. Há uma série de teorias que tentam explicar isso:

  • Processamento de Informação Diferente: O cérebro autista muitas vezes processa informações de maneira mais intensa, prestando atenção em detalhes que outros podem ignorar. Essa profundidade de percepção pode fazer com que a pessoa prefira o que é familiar e controlável.
  • Desafios com a Flexibilidade Executiva: Flexibilidade executiva é a habilidade de alternar entre diferentes tarefas ou pensamentos. Pessoas autistas podem ter dificuldades com isso, o que torna a mudança uma tarefa mais árdua.
  • Sensibilidade Sensorial: Ambientes cheios de estímulos ou barulhos intensos podem ser avassaladores. Estar em um ambiente previsível e estruturado é uma forma de reduzir a quantidade de novos estímulos que precisam processar.

Estratégias para Lidar com a Rigidez Cognitiva

Embora a rigidez cognitiva seja uma característica do autismo, existem maneiras de ajudar a pessoa autista a gerenciar essa questão e até mesmo desenvolver um pouco mais de flexibilidade. Aqui vão algumas sugestões:

  1. Introduza Mudanças Gradualmente: Tente fazer mudanças pequenas e graduais nas rotinas. Por exemplo, se há um trajeto preferido, considere mudar apenas uma parte do caminho de vez em quando.
  2. Ofereça Preparação e Antecipação: Sempre que possível, explique o que vai acontecer antes de uma mudança. Isso ajuda a pessoa a se sentir mais no controle e menos ansiosa com a incerteza.
  3. Crie “Planos de Segurança”: Para situações em que mudanças são inevitáveis, ter uma estratégia de “plano B” pode ajudar. Isso poderia incluir estratégias para reduzir a ansiedade, como técnicas de respiração, ou algo que a pessoa possa fazer para se acalmar.
  4. Utilize Ferramentas Visuais: Ferramentas visuais, como cronogramas ou checklists, podem ajudar a organizar as mudanças e manter a pessoa informada sobre o que esperar.
  5. Pratique a Flexibilidade em Pequenas Atividades: Pequenas mudanças, como escolher um lugar diferente para uma refeição ou tentar uma nova atividade em um momento conhecido, podem ajudar a desenvolver a capacidade de adaptação.

Conclusão: Respeito e Compreensão São Essenciais

Lidar com a rigidez cognitiva é uma tarefa que requer paciência e compreensão de todos. Quando respeitamos o modo como o cérebro autista funciona, promovemos uma relação de apoio e aceitação. A rigidez cognitiva não define a pessoa, mas entender essa característica pode ajudar a criar um ambiente mais acolhedor e inclusivo.

Afinal, a rigidez cognitiva é um mecanismo de autoproteção. Com suporte adequado, é possível encontrar um equilíbrio que respeite a necessidade de segurança da pessoa autista, enquanto incentiva o desenvolvimento de novas habilidades de adaptação.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima