Cuidadores de Pessoas com TEACID-11: As Novas Diretrizes para o Autismo – O Que Mudou?Cuidadores de Pessoas com TEA

Quando falamos de saúde e diagnósticos, documentos como o CID-11 (Classificação Internacional de Doenças) e o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) desempenham um papel crucial. Eles padronizam termos, critérios e classificações, promovendo uma comunicação clara entre os profissionais e ajudando na criação de estratégias eficazes de cuidado.

Com a chegada da CID-11, revisada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), houve mudanças significativas, especialmente no diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Vamos explorar o que mudou e como essas alterações impactam o dia a dia de quem vive no espectro ou cuida de alguém com neurodivergência.


O Que é o CID?

O CID é uma ferramenta global usada por profissionais da saúde para classificar doenças e condições de saúde. Publicada pela OMS, essa classificação contém milhares de códigos que ajudam a monitorar tendências e condições de saúde no mundo todo.

Ela é essencial para padronizar diagnósticos e intervenções, além de facilitar a troca de informações entre diferentes países e especialidades. Graças a esse recurso, foi possível, por exemplo, mapear e responder à pandemia de COVID-19 de forma coordenada.


O Que é a CID-11?

A CID-11 é a versão mais recente desse sistema de classificação, substituindo a CID-10. Lançada em 2019, ela representa um avanço significativo, incluindo novos critérios e atualizações para várias condições, incluindo o TEA.

Com a CID-11, transtornos anteriormente classificados de forma separada, como o autismo infantil e a Síndrome de Asperger, agora fazem parte de uma única categoria: Transtornos do Espectro Autista (6A02). Essa abordagem mais inclusiva reflete a diversidade do espectro e ajuda a simplificar o diagnóstico.


CID-11 vs. DSM-5: Qual é a Diferença?

Embora ambos sejam usados para diagnósticos, a CID tem um foco mais amplo, sendo aplicada globalmente para rastrear condições de saúde, enquanto o DSM-5 é voltado principalmente para a saúde mental. Apesar das diferenças, ambos os manuais promovem uma comunicação eficaz entre especialistas e auxiliam na definição de tratamentos e intervenções.

Esses sistemas são especialmente importantes para facilitar o acesso a terapias e serviços, como a cobertura por planos de saúde, que muitas vezes dependem desses códigos para reembolsar despesas.


Como o Autismo Era Classificado na CID-10?

Na versão anterior, o autismo era parte dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (F84), incluindo diagnósticos como:

  • F84.0 – Autismo infantil
  • F84.1 – Autismo atípico
  • F84.5 – Síndrome de Asperger
  • Entre outros.

Essa abordagem separava o autismo em categorias específicas, muitas vezes complicando o diagnóstico e o acesso a tratamentos.


O Que Mudou com a CID-11 no Diagnóstico de Autismo?

Na CID-11, o autismo é classificado como Transtornos do Espectro Autista (6A02). Essa nova abordagem agrupa as condições dentro do espectro em categorias baseadas em dois critérios principais:

  1. Presença de deficiência intelectual.
  2. Nível de comprometimento da linguagem funcional.

As novas classificações incluem:

  • 6A02.0 – TEA sem deficiência intelectual e com linguagem funcional preservada.
  • 6A02.3 – TEA com deficiência intelectual e linguagem prejudicada.
  • 6A02.5 – TEA com deficiência intelectual e ausência de linguagem funcional.

Diagnósticos anteriores, como a Síndrome de Asperger e o autismo infantil, não existem mais como categorias separadas. Agora, todas as pessoas no espectro são avaliadas pelo nível de suporte necessário.


E os Termos Como “Síndrome de Asperger” e “Autismo Infantil”?

Com a nova classificação, termos como Síndrome de Asperger deixaram de ser utilizados, assim como o autismo infantil. Esses diagnósticos agora são integrados ao espectro e descritos de forma mais detalhada quanto às necessidades individuais.

Por exemplo, alguém que anteriormente era diagnosticado com Síndrome de Asperger é identificado na CID-11 como autista com nível 1 de suporte, ou seja, autismo leve.


Preciso Atualizar o Laudo Diagnóstico?

Sim, é importante atualizar o laudo diagnóstico para que ele esteja em conformidade com a CID-11. Isso garante que o acesso a intervenções e reembolsos por planos de saúde não seja prejudicado.

Embora as intervenções em si não mudem, o laudo atualizado reflete as novas classificações e facilita a comunicação entre os profissionais de saúde que atendem a pessoa com TEA.


Um Diagnóstico Vai Muito Além de um Código

Embora os sistemas de classificação, como a CID-11, sejam essenciais para diagnósticos e tratamentos, é importante lembrar que nenhuma pessoa deve ser definida apenas por um código ou rótulo.

Diagnósticos são ferramentas para direcionar cuidados, não para limitar a individualidade. Cada pessoa é única, com vivências e necessidades próprias, e isso deve estar no centro de qualquer abordagem ou intervenção.


Conclusão

A CID-11 trouxe avanços significativos na forma como entendemos e classificamos o autismo. Ao unificar diagnósticos e destacar a diversidade do espectro, ela facilita o acesso a cuidados mais personalizados e baseados em evidências.

Essa mudança não só melhora a comunicação entre profissionais, mas também promove uma visão mais inclusiva e humanizada do autismo, valorizando as singularidades de cada indivíduo.

1 comentário em “Cuidadores de Pessoas com TEACID-11: As Novas Diretrizes para o Autismo – O Que Mudou?Cuidadores de Pessoas com TEA”

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